Depressão respiratória por fenobarbital no tratamento de estado de mal epiléptico uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: O estado de mal epiléptico (EME), ou status epilepticus, é uma das causas mais comuns de emergências neurológicas ao redor do mundo, e devido à sua alta incidência e dano neuronal consequente pela estimulação sináptica exacerbada, tal quadro demanda intervenção rápida e sistematizada. Assim, divididas em linhas de tratamento, diferentes drogas são utilizadas nos consensos atuais, dentre ela o fenobarbital, que se encontra em menor nível de prioridade nesses, devido à ocorrência de depressão respiratória decorrente do seu uso. Entretanto, há uma deficiência na literatura acerca da incidência desse efeito adverso com o uso do tratamento com fenobarbital, exigindo uma coleta de evidências atual no tema. Objetivo: Avaliar a incidência de depressão respiratória para pacientes em uso de fenobarbital como terapia para estado de mal epiléptico. Metodologia: O presente estudo é uma revisão sistemática guiada pelo protocolo PRISMA. A coleta de dados foi realizada nas bases de dados MEDLINE/PubMed por meio de uma combinação de descritores, englobando termos do Medical Subject Headings (MeSH), dos Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e contrações de descritores. Foram incluídos apenas estudos primários publicados até maio de 2023, em língua inglesa, realizados com pacientes acima de 18 anos de idade em uso de fenobarbital para tratamento de estado de mal epiléptico. Não houve critérios de exclusão no presente estudo, caso os artigos se enquadrem nos critérios de inclusão. A qualidade metodológica dos artigos foi avaliada por meio do CONSORT 2010 e Newcastle-Ottawa. Resultados: Os estudos analisados somaram uma amostra definitiva de 169 pacientes, com médias de idade variando entre 37 e 64 anos. Houve uma predominância do sexo masculino, com variação de dose e vazão de administração entre 5-30 mg/kg e 50-100 mg/min, respectivamente. Foram observados 23 casos de depressão respiratória, sendo especificada necessidade de ventilação mecânica em 2 deles. Dessa forma, foi encontrada uma incidência de depressão respiratória com uso de fenobarbital no estado de mal epiléptico variando entre 0 e 16,2% entre os estudos analisados, sendo a população idosa mais acometida e sendo, também, associado à dose de ataque da medicação e a sua velocidade de infusão, além do tipo e gravidade do quadro de estado de mal epiléptico. Conclusão: Esses resultados sugerem que o fenobarbital é uma droga segura, eficaz, custo-efetiva, devendo ser utilizada com menos receio na prática clínica, sendo necessários, entretanto, mais estudos para confirmar essa hipótese e estabelecer melhor dose e via de administração.