Associação entre atividade de doença e presença de manifestações respiratórias em pacientes com doença inflamatória intestinal em centro de referência em SalvadorBA

Abstract

INTRODUÇÃO: As doenças inflamatórias intestinais são doenças crônicas que podem apresentar uma variação de manifestações extraintestinais, dentre elas as pulmonares. Embora menos frequentes que outros tipos de manifestações, essas alterações têm sido cada vez mais reportadas desde o seu primeiro registro. As manifestações pulmonares se apresentam com uma grande variedade de fenótipos, que podem acometer vias aéreas, parênquima pulmonar, vasculatura e serosa. OBJETIVO: Analisar associação entre presença de manifestações respiratórias e atividade clínica em pacientes com doença inflamatória intestinal. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, analítico, unicêntrico, realizado de Abril/2021 a Outubro/2022, com aplicação de questionário e revisão de prontuários de pacientes de um ambulatório especializado em Doença Inflamatória Intestinal em Salvador/BA. Foram avaliados os sintomas de dispneia, utilizando a escala Modified Medical Research Council Dyspnea Scale (mMRC), tosse seca ou produtiva, dor torácica e hemoptise. A atividade clínica da doença inflamatória foi avaliada através do Índice de Harvey-Bradshaw na doença de Crohn e Índice de Lichtiger na retocolite ulcerativa. Para testar a associação entre a presença de manifestações respiratórias e a atividade clínica da doença inflamatória intestinal foi utilizado o Teste de Qui-Quadrado. Foram consideradas significativas associações com p menor que 0,05. RESULTADOS: Foram incluídos 255 pacientes do Ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal do Hospital Geral Roberto Santos, dos quais 44 apresentaram sintomas respiratórios. Pacientes em remissão clínica apresentaram sintomas respiratórios em 12,9% (22/171), enquanto pacientes em atividade apresentaram sintomas respiratórios em 26,2% (22/74). Dispneia foi o sintoma mais frequente. Foi encontrada associação estatisticamente significante entre a presença de manifestações respiratórias e atividade clínica de doença (p=0,008). CONCLUSÃO: Foi elevada a frequência de sintomas respiratórios em pacientes com doença inflamatória intestinal, observando-se uma maior prevalência em pacientes com doença em atividade. Este achado chama atenção para um possível mecanismo associado à atividade inflamatória da doença de base.