Aspectos clínicos e epidemiológicos da bacteriúria assintomática em gestantes do grupo de risco: um estudo transversal

Abstract

Introdução: Durante a gravidez o diagnóstico precoce da bacteriúria assintomática (BA) e o tratamento efetivo diminui a ocorrência de infecções sintomáticas melhorando assim os resultados maternos e perinatais. Objetivos: Estimar a prevalência de bacteriúria assintomática entre gestantes atendidas em pré-natal de risco e identificar prováveis preditores clínicos. Métodos: Estudo prospectivo de corte transversal, envolvendo 147 gestantes matriculadas em serviço de pré-natal de alto risco entre abril de 2022 e março de 2023 sem sintomas de infecção do trato urinário. Foram excluídas aquelas com febre, disúria, tenesmo vesical, dor lombar, presença de sangramento genital, perda de líquido amniótico, uso de antimicrobianos nos últimos 30 dias e aquelas que não desejaram participar do projeto. A variável dependente estudada foi a presença de, pelo menos, 105 UFC/mL de único patógeno colhida em urina de jato médio. As variáveis estudadas foram: idade, estado civil, nível de instrução, história obstétrica, idade gestacional, associação com anemia, traço falciforme, hipertensão, diabetes mellitus, passado de infecção do trato urinário, queixa de polaciúria, urgência miccional e incontinência urinária. Dados do sumário de urina também foram analisados, como a presença de leucocitúria, flora bacteriana aumentada e nitrito. A análise estatística foi realizada com o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 13.0 e a significância estatística foi previamente definida por valor p< 0,001), leucocitúria (53,3% vs 28,7%; p=0,073) e flora bacteriana aumentada (60,0% vs 29,2%; p=0,054). Conclusão: Foi identificada uma prevalência de 10,9% de gestantes de alto risco com bacteriúria assintomática, não sendo observada nessa amostra uma maior possibilidade de BA quando comparadas com as gestantes de risco habitual. Não foi identificada situação clínica que se associou com maior ocorrência de BA. As alterações avaliadas no Sumário de Urina sugerem a presença de colonização e pode servir como uma primeira linha de rastreio da BA quando não se pode ofertar a urocultura para todas as gestantes.