Análise isocinética do desempenho muscular em pacientes no pós-operatório de reconstrução do ligamento cruzado anterior

Abstract

A lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é comum em indivíduos que praticam atividade física. Devido à instabilidade do joelho após lesão, a cirurgia de reconstrução desse ligamento pode ser indicada, a depender do grau de lesão, expectativa do indivíduo em retornar ao esporte, entre outros fatores. Atualmente, a dinamometria isocinética pode direcionar o tratamento no pós-operatório desses indivíduos, por conseguir quantificar assimetrias entre o membro operado e o não operado. Objetivo: Analisar o desempenho muscular do membro operado após cirurgia de reconstrução do LCA através da dinamometria isocinética e comparar com o membro não operado. Desenho do estudo: Transversal, analítico, com dados preexistentes. Metodologia: 49 indivíduos foram analisados através de um banco de dados preexistente com auxílio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e Excel. As variáveis analisadas foram: Índice de Deficiência Muscular (IDM), mês de pós-operatório, sexo, se atleta/não atleta, idade e IMC. Resultados: Para IDM de extensores do joelho obtevese mediana de 22% [10,6 – 42,5]. Já para os flexores, obteve-se IDM de 13% [6,2 – 26,0]. O tempo de pós-operatório (PO) até o momento da avaliação isocinética compreendeu mediana de 13,0 [6,5 – 39,5] meses. A maioria dos avaliados apresentaram déficits maiores que 20% para os extensores do joelho. Houve tendência de correlação negativa apenas entre PO e IDM de extensores. O IDM tanto de extensores quanto de flexores comparando atletas profissionais e não atletas apresentaram valores semelhantes. Já comparando homens e mulheres, apresentaram diferença entre os grupos. Conclusão: Pode-se concluir que há diferença entre os valores de IDM comparando extensores e flexores em indivíduos que foram submetidos a reconstrução do LCA, sendo a perna operada aquela com menor desempenho muscular. A maioria dos indivíduos por apresentarem déficits importantes, sobretudo quanto aos extensores do joelho, necessitam continuar o processo de reabilitação. Além disso, os músculos extensores do joelho apresentam assimetrias maiores que os flexores, logo, deve ser dada uma maior atenção a este grupamento muscular. Se tratado adequadamente, quanto maior o tempo de PO, menos déficits de extensores. O fato de ser atleta não influencia num melhor desempenho muscular no PO desta lesão. Homens apresentam déficits musculares entre os membros menores que as mulheres, sugerindo tendência de menor tempo de recuperação da lesão para o sexo masculino. Com isso, a avaliação isocinética pode ajudar tanto na reabilitação dos indivíduos quanto na tomada de decisão para alta clínica do paciente.